terça-feira, 20 de julho de 2010

Agora, Falando Sério: Bruno é Culpado.

Não torço pelo Flamengo, não tenho nenhum vínculo emocional com quaisquer pessoas envolvidas no desaparecimento de Eliza Samudio e nem pertenço às forças policiais que investigam o caso. Porém, como um observador entre tantos - já cansado do sensacionalismo alimentado pela imprensa e sua histórica falta de ética-isenção -, posso afirmar: o goleiro Bruno é culpado.
Bruno é culpado por ter sobrevivido à infância pobre num lugar insalubre, onde a violência bate muito mais à porta do que o Estado e onde ficar à mercê da própria sorte é uma triste rotina. Moldado sob tais condições, Bruno sobreviveu a isso, superando limites evidentes e chegando aonde poucos ou nenhum outro de sua comunidade conseguiu chegar.
Bruno é culpado por ter consolidado sua carreira como esportista, exercendo sua função com competência e enriquecendo ao colher os louros de seu talento. Isso atraiu a atenção das chamadas "Marias Chuteiras", as conhecidas aves de rapina dos vestiários e "festinhas", uma das quais acabou cavando a oportunidade de tirar proveito das fraquezas e cifras do jogador através de uma gravidez desejável para ela, pois lhe serviria como o sonhado passaporte para a vida fácil - mas acabou se transformando num guia para seu desaparecimento.
Bruno é culpado por se deixar influenciar pelas falsas amizades que, desprovidas de qualquer talento, viam no atleta a chance de usufruir o luxo e os benefícios que, sozinhas, não seriam capazes de conquistar. É culpado também por não dar ouvidos àqueles que o criaram, preferindo as vozes interesseiras ao invés das intenções verdadeiras de seus familiares.
Bruno é culpado por não ter demonstrado o equilíbrio emocional necessário para lidar com aqueles que o infernizavam, pessoas de índole questionável e ganância evidente. Afinal, sua personalidade foi moldada pelas mazelas da vida, não pela diplomacia comum às classes mais abastadas.
E quanto ao desaparecimento e possível assassinato de Elíza Samudio, Bruno é culpado? Não sei, pois esta é uma resposta que depende das informações levantadas pelo inquérito policial, além do veredicto a ser definido pelo judiciário. Mas sei quem é inocente nesta fogueira de vaidades e mesquinharias: uma criança com alguns poucos meses de vida, que vai crescer sem a mãe e provavelmente sem o pai - cuja maior preocupação no momento é descobrir se tem ou não capacidade de realizar aquela que deverá ser a sua mais importante defesa.

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