sexta-feira, 1 de julho de 2011

Agora, Falando Sério: Desenvolvido é o Cacete!


Não se trata de pessimismo, nem tão pouco de aderir à turma que torce para que tudo dê errado. Trata-se de analisar a situação à luz da realidade, sem mascarar os fatos com devaneios ufanistas, apressando utopias megalomaníacas herdadas dos meios acadêmicos desde os tempos anteriores ao Regime Militar.
Muito por isso, causa certa surpresa observar alguns especialistas, jornalistas e intelectuais insistindo na afirmação de que o Brasil já pode ser considerado um país desenvolvido. Baseando-se quase exclusivamente em dados econômicos, os oráculos desta “euforia desenvolvimentista” não se cansam de repetir os percentuais de crescimento da economia brasileira, o posicionamento do país no ranking das maiores economias do mundo, a recuperação do poder de compra da classe média, a inserção de milhões de pessoas à chamada classe C e assim por diante – sempre com o foco voltado ao espectro financeiro.
Vamos baixar a bola, pessoal: é com pesar que informo aos “arautos do deslumbramento” que o Brasil ainda é um país subdesenvolvido. E digo mais: está longe o dia em que contemplaremos os horizontes aprazíveis da opulência e ostentação. Não se pode falar em desenvolvimento real e consolidado enquanto as desigualdades sociais persistem no país, enquanto alimentarmos uma taxa de analfabetismo da ordem de 9,6%, enquanto nossa mortalidade infantil não estiver abaixo de 10 por mil ou nosso IDH se mantiver mais próximo ao corpo do que ao ápice da tabela estabelecida pela ONU.
Fortalecimento econômico com ênfase nos setores secundário e terciário é algo necessário e bastante favorável, porém não é tudo: as imprescindíveis melhorias da qualidade de vida da população – além da ampliação de uma incondicional oferta de serviços públicos – são muito mais relevantes na condição de critérios para o desenvolvimento de uma nação. Desçamos do salto alto e coloquemos nossos pés no chão. Caso contrário, diante a uma queda, os ferimentos poderão ser proporcionais à altura de nossa arrogância.

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