sexta-feira, 29 de julho de 2011

Seção VIRABREQUIM: VW Fusca X VW Lupo (Ou UP!)


Os automóveis chineses estão invadindo o Brasil. Mais ainda: estes veículos de qualidade duvidosa tem tudo para tomar conta de um segmento que, há tempos, não faz jus ao nome que possui – o dos carros populares. Preocupada com isso, a Volkswagen decidiu lançar, ainda em 2014, o VW Lupo para concorrer com os modelos chineses, em especial com o Q, da Chery. Seu preço deverá oscilar em torno dos R$ 23 mil, que tem sido a média do segmento nos últimos anos.
Tudo seria perfeitamente normal, não fosse um pequeno detalhe: o hatch Lupo foi lançado na Europa em 1998 e deixou de ser produzido em 2005. Além disso, no Brasil, ele sofrerá adaptações elaboradas por engenheiros de modo a condicionar o carro à realidade do país. Na prática, a VW lançará um automóvel que já saiu de linha e, só para complicar um pouco mais, os brasileiros vão dirigir o novo Volkswagen UP!, o carro conceito da montadora que é considerado o legítimo sucessor do Fusca – tendo, inclusive, motor traseiro, além de ser pequeno e possuir baixa cilindrada. Ora bolas, se é para lançar um concorrente popular para ganhar mercado dos impopulares automóveis chineses, por que não lançar o VW UP! de uma vez ao invés de batizá-lo como Lupo? Se for por estratégia de marketing, UP! ou Lupo não farão muita diferença na decisão final do consumidor em comprar o veículo.
Outro ponto incoerente na estratégia da Volkswagen é lançar um veículo desconhecido para concorrer com os desconhecidos automóveis das montadoras da China. Se a idéia é colocar no mercado um carro popular capaz de enfrentar tais concorrentes, parece mais sensato relançar o consagrado VW Fusca. Afinal, trata-se de um automóvel conhecido e que ainda goza de grande prestígio junto ao consumidor brasileiro. Seria o relançamento do carro mais vendido no mundo que, como o VW Lupo, já saiu de linha (no Brasil em 1986, numa questionável estratégia da VW para promover as vendas do Gol “Geladeira” e, depois de um breve retorno, em 1996) mas que, com uma bem montada campanha de marketing aliada a preços realmente acessíveis, certamente daria uma bela “pernada” na Chery e suas conterrâneas. Às vezes não é fácil entender o que se passa na mente dos executivos da Volkswagen: mesmo com óbvio do óbvio diante de seus olhos, com a faca e o queijo na mão, eles insistem em servir uma complicada macarronada que, provavelmente, não será capaz de cair no gosto do brasileiro tão melhor do que vêm caindo as massas chinesas.

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