sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Seção VIRABREQUIM: Grandes Mancadas Da Indústria Automobilística Brasileira


De pequenos a grandes negócios, empresas cometem mancadas. Não há nada de extraordinário nisso: assim como as pessoas físicas, também as jurídicas procuram aprender com seus vacilos – ao menos a maioria delas. No entanto, há certas mancadas que são bem difíceis de entender, muitas delas presentes na história da indústria automobilística brasileira. São inúmeros os exemplos de erros cometidos pelas montadoras instaladas no país, uns por decisões ou estratégias mal pensadas, outros associados às trapalhadas governamentais. Essa é apenas uma seleção simples de algumas dessas mancadas.
•Quando a extinta Gurgel precisou de socorro no início da década de 1990, o governo federal negou-se a destinar os recursos necessários para o saneamento financeiro da única montadora 100% nacional. Não fosse a falta de visão política do caso Gurgel, provavelmente teríamos hoje uma montadora brasileira disputando mercados em nível internacional.
•O fim da joint venture Autolatina, associação entre a Ford e a Volkswagen, que terminou no seu melhor momento, quando começava a produzir seus melhores automóveis.
•A partir do encerramento das operações da Autolatina, a Volkswagen tirou de linha o interessante Logus, preferindo substituí-lo pelo Polo Classic importado da Argentina a investir por conta própria em sua continuidade. Por isso, o carro manteve-se em linha por apenas 4 anos, entre 1993 e 1997.
•Mancadas da Volkswagen não eram novidade já naquele tempo: em 1986, a VW tirou o Fusca de linha como forma de estimular as vendas do Gol BX, mais conhecido como Gol Geladeira. O problema é que o Fusca figurava na lista dos mais vendidos e, não satisfeita, a montadora repetiu o erro em 1996, cancelando sua produção pela segunda vez após um breve retorno. Vai entender!
•Há ainda o caso do Karmann Ghia, fabricado na Europa até 1974, mas que, no Brasil, saiu de circulação em 1971 – mais uma vez pelas mãos da VW!
•Porém, os vacilos vão muito além do universo volkswariano. A Chevrolet produziu o Opala de 1968 a 1992, o que fez o modelo adquirir inúmeros fãs e apreciadores. Mesmo assim, o Opala foi substituído pelo Chevrolet Ômega, que nem de longe conseguiu agradar da mesma forma que seu antecessor. Resultado: o Ômega vendeu pouco, deixou de ser produzido no país depois de minguados 6 anos e, desde então, passou a ser importado da Austrália, o que contribuiu para a irrelevância do carro – enquanto isso, o Opala continua mantendo uma legião de adoradores!
•A Fiat é uma colecionadora de mancadas, mas a maior delas tem um nome, no mínimo, irônico: Fiat Tipo. No início dos anos 1990, era um importado ruim que passou a ser produzido no Brasil, tornando-se um nacional ainda pior. Os constantes incêndios em alguns exemplares produzidos, literalmente, queimaram a imagem do carro. Era o “Tipo” de coisa que não poderia ter acontecido!
•E, para fechar com chave de ouro, que tal relembrar a Ásia Motors (ou Kia Motors, dá no mesmo)? A empresa não soube aproveitar o embalo de seu sucesso no início da década de 1990, talvez por temer o futuro de um país com altos e baixos econômicos, e não investiu pesado na produção de Vans. Hoje tenta recuperar o antigo mercado, mas não vem obtendo muito sucesso diante da feroz concorrência de quem soube se instalar no segmento dos veículos com 16 lugares, como a Ford (Transit), a Fiat (Ducato) ou a Renault (Master), cujas Vans são muito superiores às simplórias Topic e Towner. Mas o mundo dos negócios é assim mesmo: deu mole? Perdeu!

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